quarta-feira, 20 de junho de 2007

Desencontro da partida

Escrevi o teu nome em todas as paredes. À medida que avançavas pela rua, o teu ar de espanto ia aumentando até ao ponto em que viste, no céu, o teu nome escrito por um avião.
Como sempre, foi pouco para ti, foi tarde demais para ti... porque eu saibo-te a pouco, porque te saibo a nada, porque ando sempre fora de tempo... é como se não existisse... não te vejo, mas sinto-te. Não estou contigo mas tu estás aqui...
Estás entranhada no mais fundo do meu ser! Não adianta escondê-lo. Já chorei tudo o que havia nos meus olhos. Sequei o poço das lágrimas por ti... "Agora já foi tarde." dirás tu...
Vivo todos os dias contigo, mas tu não. Vives sem mim e isso irrita-me! Ainda hoje não aceito isso. Castigo-me todos os dias com recordações por tua causa, pela falta que me fazes...
É como se tivesse ficado na estação, de bilhete na mão, com toda a gente a olhar para mim e tu lá longe, com o teu motor, vestida de comboio em tons de laranja e preto. Nem sequer olhas para trás, nem sequer atrasaste a hora da partida deliberadamente, nem sequer te esforçaste por queimar tempo, dando-me tempo de chegar. Eu sou aquele que vês daí, pelo espelho, a esbracejar na estação, a gritar o teu nome como um louco sem vergonha de ser visto como tal. Quero lá saber!
Eu sou a mágoa sob forma humana. Sou aquele que te perdeu no cais de embarque, tu és aquela que nunca me esperou...

1 comentários:

Ana disse...

Olha lá que ele sabe escrever... =)