sexta-feira, 22 de junho de 2007

Trainspotting

Trainspotting esse livro fantástico que deu origem a um filme não menos fantástico. Esta é uma passagem desse livro, apesar de muito politicamente incorrecta e completamente auto-destrutiva, é genial! Grande Irvine Welsh...

"Dedide-te pela vida.
Decide-te por um emprego.
Decide-te por uma carreira, por ter uma família, por ter um televisor grande como o cacete. Por máquinas de lavar, carros, cd's e abre-latas eléctricos.
Decide-te por teres saúde, colesterol baixo e seguro dentário.
Decide-te por uma taxa fixa no empréstimo.
Decide-te por um alojamento temporário, decide-te a ter amigos.
Decide-te por roupas prácticas e malas a condizer.
Decide-te por fatos completos em vários tecidos diferentes.
Decide quem és nas manhãs de Domingo.
Decide-te por te estupidificares vendo concursos idiotas na TV e por enfardares só porcarias.
Decide-te a acabares a vida apodrecendo num lar nojento, sendo uma vergonha para os egoístas ingratos que geraste para te continuarem.
Decide-te por um futuro, decide-te pela vida...

Porque iria eu fazer tal coisa?
Decidi não me decidir pela vida, mas por outra coisa.
E a razão...
Não há nenhuma razão.
Quem precisa de razões, quando tem heroína?
As pessoas pensam que a causa é tristeza, desespero e merdas desse género - que não são para ignorar - mas, o que eles esquecem, é o prazer que ela dá...
Senão, não nos chutávamos.
Afinal de contas, não somos estúpidos ou, pelo menos, não tão estúpidos assim.
Lembrem-se do melhor orgasmo que já tiveram, multipliquem-no por mil, e nem assim se aproximam.
Estando agarrados só pensamos em arranjar mais e não estando desatamos, de repente, a preocupar-nos com montes de outras merdas; Estou sem cheta, não posso beber; tenho cheta, ando a beber demais. Não tenho gaja, hoje não fodo; Tenho gaja, é chata como o raio. Ralamo-nos com tretas; com comprar comida, com a equipa de futebol que nunca ganha, com relacionamentos e outras coisas que não importam para nada, quando estamos sincera e empenhadamente agarrados."

Como diria o Spud (para quem não sabe, é um dos personagens do livro): Quem fala assim, não é ga.... ga..... gago!

2 comentários:

Ana disse...

Não concordo mesmo nada...acho que quem fala assim é mesmo gago. Sabes porquê? Porque é possivel retirar esse estado de extâse da própria vida, sem precisar de muletas, e muito menos de uma muleta como a heroina.
Nem me falem em heroína, tenho uma raiva de morte a agarrados...longa história.

Ana disse...

Mas pronto, se querem passar osanos a pensar na proxima dose, a roubar o pai, a mãe, o irmão, a irmã, a tia e o tio, a ameaçar outros de morte, a prostituir-se na rua para arranjar guito para a proxima dose, a ficar com um aspecto de meter dó, a corroer as entranhas, a afastar todo e qualquer sentimento de carinho ou amor, a ser odiado por tudo e todos, a destruir a própria vida e a vida dos outros em redor, a ver um suspiro de alivio nos outros quando finalmente temos uma overdose e nos finamos...se isso tudo vale esses orgasmos artificiais...bem...quem fala assim ou é parvo ou faz-se...sorry, ma nesta questão sou peremptória e intransigente.