quinta-feira, 31 de janeiro de 2008

Capítulo 1 - Terceira parte

Vários meses passaram e João que ao princípio se deslocava diariamente àquele local a fim de reencontrar aquela mulher misteriosa, começou a perder a esperança e, até mesmo, a duvidar se aquele encontro teria realmente tido lugar e se ela existiria mesmo. Seria possível que tudo não passasse de um sonho?
Actualmente, apenas lá se deslocava quando estava na zona. Sentava-se no monte de pedras que ele próprio construira e ficava ali horas a fio sózinho, a pensar na vida e a observar, na linha do horizonte, toda aquela beleza que lhe fora mostrada meses atrás.
Apesar de todas as dúvidas e de a sua vida continuar como até ali, persistia com a certeza de que havia algo mais naquele encontro do que apenas uma coincidência, havia algo no fundo de si que lhe dizia que voltariam a encontrar-se, independentemente de passar uma semana, um mês, um ano... sentia que o destino se encarregaria desse reencontro.
Foi então, com este pensamento em mente que decidiu que não havia porque apressar o destino, a seu tempo ele surgiria. Foi para casa, fez as malas e meteu-se no primeiro autocarro para Lisboa.
Encontrou emprego numa daquelas lojas de bairro muito pitorescas em que há de tudo, desde chocolates a candeeiros, passando por roupa e detergentes. À medida que os dias, as semanas, os meses iam passando, as saudades do seu Alentejo natal iam-se acentuando e ficando mais dolorosas. Nesses momentos, lembrava-se de algo que o seu avô lhe dizia: " Tens que fazer pela vida ou a vida faz-te rapaz!". Sentia, principalmente, saudades do ar puro, do campo, das planícies, do contacto com a Natureza.
Tudo isto, fazia-o sentir-se frustrado, passava os dias a olhar o vazio, perdido em pensamentos. De tal modo que ignova completamente os avanços e insinuações que a sua colega de trabalho lhe fazia constantemente. Mas, um dia decidiu que já que ali estava, tinha que se conformar e deixar de sonhos idiotas uma vez que, já perdera a esperança de reencontrar aquela que tanto procurava. Assim fez, ao toque do despertador, levantou-se da cama velha e rabugenta do pequeno quarto que alugara, tomou um banho retemperador, arranjou-se o melhor que podia e foi para o trabalho.
Pelo caminho, não pôde deixar de pensar para consigo mesmo: " Imagino o que a minha colega Teresa vai dizer hoje!" e sorriu pela primeira vez em meses...


(Continua)

7 comentários:

Susana Júlio disse...

...contudo há sonhos que se guardam dentro de nós como os maiores tesouros não esquecidos...

Matchbox32 disse...

É verdade, muitas vezes, dentro de nós encontramos remédio e força para tudo!

Susana Júlio disse...

Somos uns seres excepcionais, match! Muitas vezes é que esquecemos disso! ;)))

Matchbox32 disse...

É verdade, quer pela falta de auto-estima, quer por outros motivos...

Marta disse...

"Tens que fazer pela vida, ou a vida faz-te"... Tinha razão o teu avô!

Matchbox32 disse...

É verdade! Não podemos ficar à espera que as coisas caiam do céu!

Anónimo disse...

ainda bem que não caiu do céu...mas veio de carro de lisboa ao alentejo!! E, depois dessa visita, mtas outras irão acontecer...