Ao toque do despertador acordaram os dois estremunhados, assustados, despenteados... o susto foi de tal ordem e estavam tão emaranhados um no outro que acabaram por cair da cama...
-Ai! Vou-te processar! Estou todo partido! - gracejou João.
-E eu a ti! Invadiste a minha propriedade e atiraste-me ao chão! - acompanhou Teresa.
-As camas individuais não foram mesmo feitas para casais! Ah, ah, ah!
-Como podes ver, não tinha a mínima ideia de receber um homem cá em casa... anda, temos que despachar ou ainda chegamos atrasados!
Tomaram duche e vestiram-se a correr enquanto se beijavam, acariciavam e brincavam atirando peças de roupa um ao outro.
Já no caminho para o trabalho, João disse:
-Esta noite, quero que vás jantar comigo. Quero falar contigo, quero conhecer-te melhor.
-Tens a certeza que não queres deixar as coisas assim, João? Assim é mais fácil, não há sentimentos, nem compromissos...
-Quem te disse que gosto das coisas simples? - disse este sorrindo.
-Eu sou mais velha que tu. Devias pensar em andar com alguém mais da tua idade, querido.
-Não te preocupes, ok? Falamos logo à noite.
O dia de trabalho passou rápido, foi um dia igual a tantos outros com a excepção de ser menos custoso, mais feliz.
Quando soaram as 19 horas, deram as mãos e saíram com destino ao restaurante.
-Onde me levas? - perguntou Teresa cheia de curiosidade.
-Já vais ver...
Chegaram a um restaurante acolhedor, com música ambiente. Sentaram-se num canto, numa mesa para dois e depois de fazerem os pedidos e, à luz da vela, João tomou a palavra:
-Teresa, eu não contava com isto mas, a verdade, é que mexeste muito comigo. Gosto de ti a sério!
-Oh, João! Não digas isso, por favor! Não tornes as coisas mais difíceis, por favor...
-É a sério. Não estou a dizer isto apenas por dizer.
-Gostas mesmo?
-Muito mais do que pensava. Já sentia algo por ti há algum tempo mas, nunca pensei que fosse tão forte. E depois da noite de ontem...
-Ai... Tenho uma confissão a fazer-te, querido.
-Diz...
-Eu também gosto muito de ti, há algum tempo.
-Então quer dizer que podemos avançar para algo sério...
-Tem calma, João. Não ponhas a carroça à frente dos bois. Eu não mergulho nas coisas de cabeça... vais ter que conquistar a minha confiança aos poucos.
-Eu sei, Teresa. Deixei-me apenas levar pela emoção. Ah, ah, ah...
-Tonto!
-Há uma coisa que te quero perguntar...
-Estás à vontade!
-Aquelas fotos que tens lá em casa... são teus filhos?
O sorriso de Teresa desapareceu por completo ao ouvir esta pergunta, era como se todo o sangue lhe tivesse gelado nas veias.
-Que aconteceu? Estás bem? - perguntou João preocupado.
-Sim... estou. É que é um assunto que me magoa bastante, sabes?
-Posso saber porquê?
-É que são mesmo meus filhos e não sei nada deles há anos... desde que o pai os levou para o Brasil, acho eu. Pelo menos, foi até onde a polícia conseguiu seguir o rasto... - respondeu Teresa com as lágrimas a escorrerem-lhe pela face.
-Desculpa... não devia ter tocado nesse assunto. Sou mesmo estúpido!
-Não és nada, querido. Não tinhas como saber, não é? Não te preocupes, não é por não falar nas coisas dolorosas que elas deixam de doer, antes pelo contrário.
-Sabes, ainda gosto mais de ti agora. Por essa tua força interior.
-Oh pá! Estás-me a deixar sem jeito.
O resto do jantar decorreu sem mais incidentes. Foram conversando e aprendendo mais um sobre o outro. Dando-se a conhecer mutuamente por entre risos e carícias com a ajuda dos vapores de um bom vinho tinto.
(Continua)
terça-feira, 2 de setembro de 2008
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