quinta-feira, 24 de janeiro de 2008

Capítulo 1 - Primeira parte

Sentia-se triste, cansado... apesar do dia lindo que o sol a despontar no horizonte fazia antever, não conseguia desfrutar de tão belo momento: "Porque ouvi aquelas palavras tão duras?"- era a única coisa no seu pensamento.
Apenas tentara ajudar, não queria que as coisas tivessem acontecido assim... sentia-se numa encruzilhada: "Será que as coisas vão mudar? Ou será que chegou a altura de por um ponto final e seguir em frente?". No entanto e acima de tudo, amava-a...
Por um momento, a ideia de morrer e escapar aos seus problemas, atravessou-lhe o espírito provocando-lhe um arrepio profundo. Ali naquela falésia, com o mar lá em baixo, a embater violentamente na rocha misturando o azul com o branco da espuma, sentia-se tentado pelo abismo, por mergulhar no azul infinito e nunca parar de cair.
Ao acender mais um cigarro pensativo, começou a fazer uma retrospectiva do que fora, até ali, a sua vida. Nunca fora uma pessoa feliz, sempre recatado enquanto adolescente, disfarçava a sua timidez fingindo não se interessar por nada. No entanto, esse disfarce viria a tornar-se um hábito quase inultrapassável, como se vivesse no seu mundo isolado de tudo e de todos... mas, no fundo, tudo o que queria era ser feliz e ter uma vida normal...
Mas não, também não era isso. Porque na verdade, detestava a normalidade e assim, acabava por viver num dilema em que não sabia o que realmente queria nem como o conseguir.
Tiveras algumas namoradas, umas marcantes e outras nem por isso, mas a que mais o marcara, fora a última com a qual tivera a discussão que o conduzira até aqui. Por tanto a amar, se sentia assim tão perdido depois das palavras duras que ela lhe dirigira, ficara sem ninguém que o fizesse sentir alguém...
Desde muito novo que se sentia diferente, como se tivesse sido talhado para algo especial mas logo, a modéstia e a timidez o faziam recuar nesses pensamentos até porque, nunca lhe acontecera nada de especial, apenas levava uma vida triste e banal em busca da felicidade que, segundo ele, estava cada vez mais difícil de encontrar...
Agora, sozinho, olhando o profundo azul do mar, pensava em que rumo dar à sua vida, em que atitude tomar ou, em acabar com tudo... então, quando se decidiu e se preparava para dar um passo em frente para as profundezas... viu-a!


(Continua)

4 comentários:

Ana disse...

Mmmmmmmmm...isto é-me familiar... ;-)

Inti, the Sun God disse...

Isto escrevi eu em Espanha há coisa de três ou quatro anos num caderno que tem estado sempre em minha posse...
Em que aspecto te parece familiar?

Susana Júlio disse...

Bem, agora a ver quanto tempo é que vamos ficar em suspenso da narrativa...quero ler mais!
Há coisas que são cíclicas...o amor e a desilusão, a dor e a felicidade, variando as intensidades das mesmas...mas tudo tem o seu devido valor e marca na vida de cada um...que deve ser sempre em frente e não para baixo!
Viu-a?!
A sereia? A luz? A esperança? Uma nova ela? A outra? A palavra?...
para quando?!

Beijinhos!

Matchbox32 disse...

Palpita-me que deve ser hoje... está de folga! Lol!