Sentia-se triste, cansado... apesar do dia lindo que o sol a despontar no horizonte fazia antever, não conseguia desfrutar de tão belo momento: "Porque ouvi aquelas palavras tão duras?"- era a única coisa no seu pensamento.
Apenas tentara ajudar, não queria que as coisas tivessem acontecido assim... sentia-se numa encruzilhada: "Será que as coisas vão mudar? Ou será que chegou a altura de por um ponto final e seguir em frente?". No entanto e acima de tudo, amava-a...
Por um momento, a ideia de morrer e escapar aos seus problemas, atravessou-lhe o espírito provocando-lhe um arrepio profundo. Ali naquela falésia, com o mar lá em baixo, a embater violentamente na rocha misturando o azul com o branco da espuma, sentia-se tentado pelo abismo, por mergulhar no azul infinito e nunca parar de cair.
Ao acender mais um cigarro pensativo, começou a fazer uma retrospectiva do que fora, até ali, a sua vida. Nunca fora uma pessoa feliz, sempre recatado enquanto adolescente, disfarçava a sua timidez fingindo não se interessar por nada. No entanto, esse disfarce viria a tornar-se um hábito quase inultrapassável, como se vivesse no seu mundo isolado de tudo e de todos... mas, no fundo, tudo o que queria era ser feliz e ter uma vida normal...
Mas não, também não era isso. Porque na verdade, detestava a normalidade e assim, acabava por viver num dilema em que não sabia o que realmente queria nem como o conseguir.
Tiveras algumas namoradas, umas marcantes e outras nem por isso, mas a que mais o marcara, fora a última com a qual tivera a discussão que o conduzira até aqui. Por tanto a amar, se sentia assim tão perdido depois das palavras duras que ela lhe dirigira, ficara sem ninguém que o fizesse sentir alguém...
Desde muito novo que se sentia diferente, como se tivesse sido talhado para algo especial mas logo, a modéstia e a timidez o faziam recuar nesses pensamentos até porque, nunca lhe acontecera nada de especial, apenas levava uma vida triste e banal em busca da felicidade que, segundo ele, estava cada vez mais difícil de encontrar...
Agora, sozinho, olhando o profundo azul do mar, pensava em que rumo dar à sua vida, em que atitude tomar ou, em acabar com tudo... então, quando se decidiu e se preparava para dar um passo em frente para as profundezas... viu-a!
(Continua)
quinta-feira, 24 de janeiro de 2008
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4 comentários:
Mmmmmmmmm...isto é-me familiar... ;-)
Isto escrevi eu em Espanha há coisa de três ou quatro anos num caderno que tem estado sempre em minha posse...
Em que aspecto te parece familiar?
Bem, agora a ver quanto tempo é que vamos ficar em suspenso da narrativa...quero ler mais!
Há coisas que são cíclicas...o amor e a desilusão, a dor e a felicidade, variando as intensidades das mesmas...mas tudo tem o seu devido valor e marca na vida de cada um...que deve ser sempre em frente e não para baixo!
Viu-a?!
A sereia? A luz? A esperança? Uma nova ela? A outra? A palavra?...
para quando?!
Beijinhos!
Palpita-me que deve ser hoje... está de folga! Lol!
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