"Sabes que (...) mais do que viajar pelo tempo, prefiro o movimento neste nosso pobre espaço, preguiçando, e tudo isso que parece pecado mortal? Era o que eu faria de bom grado, a estas horas da tarde, já quase ao crepúsculo, se soubesse que no fim estavas tu, a única coisa real deste tumulto de palavras: não imagem vã, mas sim tangível, em carne e sangue. Mas a tua realidade, nesta hora de hoje, é a realidade da tua ausência, pura presença do não estar, (...). Há bocado, talvez há pouco mais de meia hora, deu-me a fúria da solidão, a vontade desesperada de te chamar sem resposta, (...) por todas as veredas, por todos os recantos: procurar e não encontrar, já não o teu corpo, nem mesmo a tua sombra."
Gonzalo Torrente Ballester - "A Ilha dos Jacintos Cortados"
quarta-feira, 16 de janeiro de 2008
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3 comentários:
Pois. Eu que o diga. Todos os dias me apetece gritar por essa mesma razão.
A solidão expressa a sua eterna mágoa por palavras belas como estas...
A solidão é uma mágoa imensa, eterna que, no entanto, inspira as mais belas palavras...
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