Vários meses passaram e João que ao princípio se deslocava diariamente àquele local a fim de reencontrar aquela mulher misteriosa, começou a perder a esperança e, até mesmo, a duvidar se aquele encontro teria realmente tido lugar e se ela existiria mesmo. Seria possível que tudo não passasse de um sonho?
Actualmente, apenas lá se deslocava quando estava na zona. Sentava-se no monte de pedras que ele próprio construira e ficava ali horas a fio sózinho, a pensar na vida e a observar, na linha do horizonte, toda aquela beleza que lhe fora mostrada meses atrás.
Apesar de todas as dúvidas e de a sua vida continuar como até ali, persistia com a certeza de que havia algo mais naquele encontro do que apenas uma coincidência, havia algo no fundo de si que lhe dizia que voltariam a encontrar-se, independentemente de passar uma semana, um mês, um ano... sentia que o destino se encarregaria desse reencontro.
Foi então, com este pensamento em mente que decidiu que não havia porque apressar o destino, a seu tempo ele surgiria. Foi para casa, fez as malas e meteu-se no primeiro autocarro para Lisboa.
Encontrou emprego numa daquelas lojas de bairro muito pitorescas em que há de tudo, desde chocolates a candeeiros, passando por roupa e detergentes. À medida que os dias, as semanas, os meses iam passando, as saudades do seu Alentejo natal iam-se acentuando e ficando mais dolorosas. Nesses momentos, lembrava-se de algo que o seu avô lhe dizia: " Tens que fazer pela vida ou a vida faz-te rapaz!". Sentia, principalmente, saudades do ar puro, do campo, das planícies, do contacto com a Natureza.
Tudo isto, fazia-o sentir-se frustrado, passava os dias a olhar o vazio, perdido em pensamentos. De tal modo que ignova completamente os avanços e insinuações que a sua colega de trabalho lhe fazia constantemente. Mas, um dia decidiu que já que ali estava, tinha que se conformar e deixar de sonhos idiotas uma vez que, já perdera a esperança de reencontrar aquela que tanto procurava. Assim fez, ao toque do despertador, levantou-se da cama velha e rabugenta do pequeno quarto que alugara, tomou um banho retemperador, arranjou-se o melhor que podia e foi para o trabalho.
Pelo caminho, não pôde deixar de pensar para consigo mesmo: " Imagino o que a minha colega Teresa vai dizer hoje!" e sorriu pela primeira vez em meses...
(Continua)
quinta-feira, 31 de janeiro de 2008
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7 comentários:
...contudo há sonhos que se guardam dentro de nós como os maiores tesouros não esquecidos...
É verdade, muitas vezes, dentro de nós encontramos remédio e força para tudo!
Somos uns seres excepcionais, match! Muitas vezes é que esquecemos disso! ;)))
É verdade, quer pela falta de auto-estima, quer por outros motivos...
"Tens que fazer pela vida, ou a vida faz-te"... Tinha razão o teu avô!
É verdade! Não podemos ficar à espera que as coisas caiam do céu!
ainda bem que não caiu do céu...mas veio de carro de lisboa ao alentejo!! E, depois dessa visita, mtas outras irão acontecer...
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